Oficina: Tecendo Laços para Reimaginar a Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Neotropical - 2025
Oficina: Tecendo Laços para Reimaginar a Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Neotropical - 2025
Flamenco austral (Phoenicopterus chilensis). ©Daniela Zaffignani
Justificativa
Esta oficina destina-se a pessoas que desejam imaginar e construir formas epistemologicamente mais diversificadas e justas de trabalhar em ciência na América Latina. Todas as disciplinas científicas estão permeadas pelo colonialismo histórico e atual e seu legado de barreiras sistêmicas. As políticas e práticas atuais no ambiente científico e acadêmico limitam a participação de pessoas atravessadas por múltiplos eixos de exclusão. Por exemplo, na ornitologia, Soares et al. (2023) tornaram visíveis algumas barreiras e sua relação com o colonialismo histórico, propondo mudanças nas políticas científicas e nas relações entre pesquisadores. Defendemos que a participação de grupos historicamente excluídos enriquecerá as pesquisas, ampliando as formas de compreensão e de conservação da biodiversidade Neotropical. A oficina será um espaço amigável para discutir: 1) mecanismos que geram desigualdade de oportunidades e exclusão nas ciências na América Latina, e 2) práticas que promovam a participação, o pertencimento e a permanência de uma diversidade de pessoas e ideias na produção do conhecimento científico em biodiversidade e conservação. Reconhecendo que todos nós temos uma esfera na qual podemos agir em direção à mudança transformadora, geraremos coletivamente estratégias que ajudem a construir uma comunidade científica mais equitativa, justa e hospitaleira, que abrace uma diversidade de perspectivas para enriquecer as práticas cotidianas e o avanço do conhecimento.
Inscrição
Para realizar sua inscrição, preencha um dos formulários abaixo. Muito obrigado.
Informações gerais
Formato: Presencial. Formaremos mesas de trabalho com 4 ou 5 pessoas em cada uma para trocar ideias e criar propostas. As discussões serão realizadas em espanhol, português e portunhol.
Local: Auditório Martina (C-309), UNILA Jardim Universitário. Av. Tarquínio Joslin dos Santos, 1000, Foz do Iguaçu.
Data e horário: 20 de junho das 8:30 às 17:30 horas. A oficina terá carga horária de 6 horas.
Número de participantes: 20-25 pessoas.
Público destinatário: Público amplo. Nosso objetivo é incluir pessoas com perspectivas, identidades e experiências diversas. Destina-se especialmente a pessoas que realizam ou estejam começando a realizar atividades de pesquisa, em diferentes estágios de suas carreiras (estudantes de graduação e pós-graduação, pós-doutorandos, professores), com ou sem vínculos institucionais formais. Para participar do workshop, o público não precisa de nenhum conhecimento ou treinamento prévio nos tópicos propostos.
Custo: gratuito.
Nesta oficina, vamos aprender e aplicar ferramentas práticas de organização e governança grupal (sociocracia), com o objetivo de contribuir para o crescimento de espaços de trabalho mais colaborativos e justos, onde nossa inteligência coletiva possa florescer. Buscaremos que os participantes aprendam em primeira mão ações que possam aplicar na vida real e em seus círculos de influência.
Grupo organizador da oficina
Bianca Bonaparte (ela): Bióloga, pesquisadora de Pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Neotropical (PPGBN), UNILA. ebbonaparte@gmail.com. Sua pesquisa se concentra na ecologia e na conservação de aves por meio de uma abordagem de sistemas socioecológicos. Há 13 anos apoia e co-coordina um programa de educação para conservação de longo prazo com crianças e adolescentes em escolas rurais no Proyecto Selva de Pino Paraná, San Pedro, Misiones, Argentina. Tem conhecimento e prática no uso de ferramentas sociocráticas em pesquisa e conservação.
Viviane Zulian (ela): Bióloga, doutora em Ecologia, pesquisadora de Pós-doutorado independente. zulian.vi@gmail.com. Sua pesquisa está focada em ecologia, tamanho populacional e distribuição de espécies de aves ameaçadas de extinção ou de interesse econômico. Tem formação em ornitologia, ecologia quantitativa e computacional, especializada em modelos estatísticos bayesianos e análises de integração de dados e experiência em trabalho com equipes multidisciplinares.
Agostina Juncosa-Polzella (ela): Estudante de doutorado, IBS-CONICET-UNaM, Puerto Iguazú, Misiones, Argentina. agostinajuncosa@gmail.com. Trabalha na Mata Atlântica em Misiones, Argentina estudando os aspectos ecológicos de corujas e como essas espécies são percebidas pelas pessoas. Foi membra de um projeto de educação para a conservação, onde trabalhou a problemática do tráfico de fauna e sua relação com os zoológicos, e realizou oficinas em escolas primárias e secundárias na Província de Córdoba, Argentina.
Daniela Zaffignani (ela): Estudante de doutorado, ILPLA-CONICET-UNLP, La Plata, Buenos Aires, Argentina. zaffignani359@gmail.com. Trabalha com conjuntos de aves diurnas da Mata Atlântica em Misiones, Argentina.
Gabriela Núñez Montellano (ela): Bióloga e pesquisadora no Instituto de Ecologia Regional IER-CONICET, Universidade Nacional de Tucumán, Argentina. gnunezmontellano@gmail.com. Sua pesquisa se concentra na ecologia e na história natural das aves, principalmente em ambientes áridos. É co-coordenadora do Programa de Capacitação e Treinamento em Recursos de Pesquisa Ecológica Subtropical (PECaRIES). Tem experiência em oficinas de educação para conservação com crianças, ensino no sistema penitenciário e participação em atividades de divulgação científica.
María Martha Torres Martínez (ela): Licenciada em Biologia, pesquisadora de Pós-doutorado no Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Neotropical (PPGBN), UNILA. canasmarianita@gmail.com. Sua pesquisa está centrada na conservação de mamíferos, espécies ameaçadas, priorização espacial para a conservação e ciência cidadã. No seu pós-doutorado, está desenvolvendo estratégias com enfoque em ciência cidadã, incluindo a construção de protocolos para a coleta de dados em diversas áreas do conhecimento, como saúde pública, espécies invasoras e fauna atropelada com o objetivo de promover a democratização do conhecimento, a participação cidadã e o pleno exercício da cidadania. Organizadora convidada.
Grupo organizador não executor da oficina
Carolina Isabel Mino (ela): Professora e pesquisadora, IBS-CONICET, Universidade Nacional de Misiones, Sede Posadas, Misiones, Argentina. mairacim@gmail.com. Além de pesquisadora, é docente de graduação e pós-graduação e tem experiência em comunicação pública da ciência, particularmente no campo de genética da conservação.
Cecilia Cuatianquiz Lima (ela): Bolsista de pós-doutorado no Instituto de Investigações Biomédicas, UNAM, Unidad Foránea Tlaxcala, México. largidae@yahoo.com.mx. Trabalha com comunidades indígenas em prol da conservação de suas florestas e é responsável por um programa que promove aproximação de meninas com a ciência.
Kristina Cockle (ela): Pesquisadora, IBS-CONICET-UNaM, Puerto Iguazú, Misiones e Projeto Selva de Pino Paraná, San Pedro, Misiones, Argentina. kristinacockle@gmail.com. Atua como diretora e mentora de estudantes de doutorado e outres pesquisadores. Co-coordena dois programas de pesquisa e conservação coletivos de longo prazo com guarda-parques e naturalistas. Organizou propostas grupais focadas em mudanças políticas para reduzir barreiras na ornitologia.
Mais informações sobre o grupo “ornitologiaS” (ESP)
Programa
8:30 a 10:00 horas
Sessão 1: Apresentação da equipe de trabalho, objetivos da oficina, formato e método de organização da oficina. Revisão das diretrizes de convivência e compromissos para um espaço hospitaleiro durante a oficina. Descrição dos métodos básicos de organização sociocrática: rodas de discussão, propostas coletivas, tomada de decisões, funções, retroalimentação. Introdução ao conceito de sistemas interligados de opressão. Apresentação da intervenção “exposição de ideias e experiências em um varal”, onde os participantes da oficina podem escrever anonimamente suas experiências ou reflexões, tanto negativas quanto positivas, no campo científico-acadêmico.
10:00 a 10:30 horas
Pausa para café. Comidas e bebidas oferecidas pela organização.
10:30 a 12:00 horas
Sessão 2: Reconhecer e tornar o problema visível. Criaremos círculos de discussão organizados de acordo com o número de participantes, facilitadores e idiomas. Trocaremos experiências e pontos de vista sobre os problemas da pesquisa científica na América Latina. Os temas de cada círculo serão abertos, usando a sociocracia como método de organização e permitindo uma troca equitativa de experiências e pontos de vista.
Algumas das questões que procuraremos abordar nas mesas-redondas são:
Políticas explícitas que produzem exclusão e exploração na ciência (por exemplo, critérios de avaliação acadêmica capitalista, hegemonia do inglês).
Políticas implícitas que produzem exclusão e exploração na ciência (por exemplo, “poder oculto”, barreiras ou exclusão da participação de determinados grupos de pessoas devido à tomada de decisões nos bastidores).
Lógica de legitimação de determinados conhecimentos e práticas científicas (por exemplo, legitimidade do conhecimento científico definido por pessoas poderosas dentro do sistema científico acadêmico, invisibilização de conhecimentos e práticas tradicionais locais, camponeses e indígenas).
Exploração e apropriação do conhecimento (por exemplo, modelos de ciência paraquedistas, falta de reconhecimento dos técnicos, assistentes de campo e participantes das comunidades locais).
Narrativas coloniais sobre o que é ciência, identidade e o que um cientista deve fazer (por exemplo, machismo e sexismo no trabalho de campo, narrativas coloniais de descoberta e novidade).
12:00 a 14:00 horas
Intervalo para almoço.
14:00 a 15:30 horas
Sessão 3: Reimaginando a pesquisa e conservação. Em cada um dos círculos de discussão, trabalharemos em algumas das questões abordadas na primeira parte. Usando a ferramenta de criação coletiva de propostas, convidaremos as pessoas a refletir sobre quais práticas funcionam bem e quais podem ser adotadas para gerar mudanças positivas em nossas esferas de ação e, por sua vez, o que podemos aprimorar coletivamente. Adicionaremos novas reflexões ou comentários e experiências ao varal
15:30 a 16:00 horas
Pausa para descanso.
16:00 a 17:30 horas
Sessão 4: Encerramento da oficina. Compartilharemos o trabalho realizado nos círculos de discussão. Refletiremos juntos sobre como promover mudanças e gerar um produto coletivo da oficina na forma de um tecido como intervenção artística, que será exibido na UNILA.
Produto coletivo a ser disseminado após a oficina
Intervenção artística na UNILA: tecelagem coletiva, com visões de futuro e ações geradas durante a oficina pelos participantes.